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Futebol em 90 minutos - De Chaves a Portimão ainda há muito em jogo, a nossa liga

Rubrica relacionada com o futebol. Aqui será comentado o futebol jogado dentro das 4 linhas, por Márcio Ribeiro, um jovem estudante da faculdade de direito, apaixonado pela arte que é o futebol e que neste espaço vai deixar a sua opinião relativamente ao jogo jogado para todos aqueles que gostam do verdadeiro futebol.


Depois de analisados com um toque bastante pessoal os últimos 6 classificados, à ronda 26 da Liga NOS, vamos ocupar-nos agora com aquelas que são denominadas como equipas de “meio de tabela”. De realçar porém que a luta pela manutenção se estende quase até à décima posição, apesar de que as equipas que estão classificadas acima do Desportivo das Aves quase garantiram a “barreira mental” dos 30 pontos que garantem, por norma, a manutenção no escalão principal. Este tem sido, em ambos os pólos, um dos campeonatos mais competitivos dos últimos tempos!
Ver também a análise dos aflitos

Belenenses:
 

Em Belém fica a sensação, época após época que se joga pouco: ritmos lentos e pouca vertigem ofensiva, aliados à falta de uma verdadeira referência ofensiva fazem desta mais uma época à imagem das anteriores. Numa fase inicial em que tiveram 3 derrotas, 4 vitórias e um empate, nos primeiros 8 jogos, parecia estar aqui uma ameaça aos lugares europeus, ameaça essa que foi desvanecendo com o tempo e com a mudança de treinador (Domingos para Silas) a demonstrar isso mesmo. Têm vindo a subir de forma nos últimos 5 jogos, sendo que a senda de empates sucessivos que obtiveram, custou-lhe uma pontuação baixa que mais não lhes permite aspirar que a uma “manutenção tranquila”. Quanto a individualidades há a destacar a segurança defensiva que André Moreira (chegou em Janeiro) tem dado à baliza, a profundidade de Florent Hanin e a experiência de Gonçalo Silva. No miolo, o inevitável Diogo Viana aparece ainda a tempo de fazer boas exibições, sempre com a irreverência que o caracteriza e que se calhar não lhe permitiu dar o salto maior na carreira (ainda vai a tempo!). Merece referência também Hassan Yebda, que apesar de longe de outros tempos tem feito ver quem “já não dava nada por ele”, pautando os ritmos do meio campo de Belém; André Sousa também tem estado ao nível do que já nos habituou nos anos anteriores! Negativamente tenho a destacar Maurides: o avançado leva 4 golos em 25 jogos a titular pelo Belenenses, e apesar de ser uma referência possante que segura bem a bola e joga bem de costas para a baliza, peca naquele que é um dos capítulos mais importantes para a posição de ponta de lança numa equipa que joga em 4-3-3, a finalização.



Tondela:


A equipa Viseense que muito tem lutado pela permanência nas últimas edições da Liga NOS, já merecia uma época assim! Folgados, mais coordenados, compactos e organizados, os comandados de Pepa parecem ter encontrado a estabilidade que precisam. Individualmente, possuem um enorme, não em tamanho, guarda-redes! Cláudio Ramos é outro que já tem vindo a justificar voos maiores. Defensivamente, para além da veterania de Ricardo Costa pouco mais hà a destacar num sector que parece ser o mais fraco da equipa tondelense. No centro do terreno a potência física de Helder Tavares, à capacidade de combate de Bruno Monteiro fazem desta uma equilibrada “casa das máquinas” que tem segurado alguns jogos. Ofensivamente, Pedro Nuno faz as delicias técnicas dos adeptos, caprichando no último passe, onde ao servir o importante Murilo (que assumiu uma menor preponderância na segunda metade da época) e o rapidíssimo Tyler Boyd, que tem vindo a despontar. O meu destaque vai para Tomané, o avançado tem demonstrado enorme frescura física jogo após jogo em que o vemos a deixar tudo em campo. Isso aliado aos 6 golos que leva e à contribuição para grande parte do jogo ofensivo do Tondela, fazem deste aquele que é a par de Pedro Nuno e Murilo (numa fase mais anterior da época), o jogador-chave da equipa de Viseu.



Vitória SC:


Quando se fala em Guimarães fala-se em paixão pelo futebol, e sim, esta cidade merecia mais, pelos fiéis adeptos, pelo colectivo de elevada qualidade que apresenta, e pelos sinais que deram na época transata! Apresentam um plantel recheado de boas opções para cada uma das posições, claramente de equipa europeia que devia ter tido maiores aspirações a nível interno (relembre-se que não chega sequer a entrar numa discussão pelos lugares europeus). Nas mãos de Pedro Martins em Guimarães marcavam-se golos, bons golos, bom futebol ofensivo, boa dinâmica porém, os golos sofridos eram quase sempre um problema: 48, fazendo desta a segunda equipa mais batida da Liga NOS. Desde a já conhecida revelação de Raphinha, que faz da sua velocidade e qualidade de remate as suas principais armas, à qualidade ofensiva de Paolo Hurtado, à qualidade e experiência que Rafael Miranda veio trazer ao meio campo da equipa vimaranense. Wakaso é um caso estranho de insucesso, veio em Janeiro para tentar dar ao Vitória aquilo que era necessário, consistência no miolo. Porém não se tem mostrado preponderante, muito menos decisivo. O empréstimo de Matheus Bebeto, por parte do Sporting à equipa minhota tem ajudado, sendo que o médio foi titular em 5 os últimos 6 jogos. Espera-se uma recta final de época a olhar para o futuro, para aquilo que será a próxima época, logo após se garanta matematicamente a manutenção, o que não deve passar das próximas duas jornadas.
Na minha opinião pessoal, a confirmar-se a saída de Raphinha para o Sporting CP, abrir-se-á um espaço importante, que quer Sturgeon ou o próprio Héldon (não tem estado em grande plano) não parecem conseguir compensar. Negativamente há a destacar o facto de Wélthon, proveniente em Janeiro do Paços de Ferreira, nada ter vindo até agora acrescentar à equipa.



Portimonense:

       

Equipa que sobe de divisão e faz ver a muitas equipas da primeira, o que é jogar à bola. Uma primeira metade razoável, principalmente para uma equipa que acaba de subir de divisão, mas sobretudo pelos últimos 7 jogos onde soma 4 vitórias que fez com que alcançassem a meta psicológica dos 30 pontos. O que há a destacar de uma primeira volta, são as afirmações de Paulinho, como um bom motor da equipa, bom tecnicamente e com boas decisões no último terço, que lhe valeu uma transferência em Janeiro para o FC Porto. Outro destaque vai para Shoya Nakajima, o japonês chegou, viu e venceu: emprestado numa fase inicial despertou logo interesse vê-lo jogar, quando desde cedo começou a marcar golos e a fazer assistências jogo após jogo. Com o avançar da Liga, o jogo do japonês foi assentando e este afirmou-se como um craque, rápido, ágil, de remate fácil e capaz de enervar qualquer defesa adversária! Fabrício, pelo facto de ser extremo aquando da subida da equipa de Portimão e ter sido colocado desde logo no lugar de ponta-de-lança gerou alguma desconfiança mas os 11 golos que leva não enganam: no auge dos seus 27 anos Fabrício é um avançado, móvel, inteligente, bom finalizador e com um remate potente. Finalmente, alguém que parece passar ao lado de muitos jogos mas que para os mais atentos faz as delícias no miolo é Pedro Sá. O médio defensivo que quase sempre titular, é o coordenador da sala de máquinas, dotado de um pé esquerdo de fazer inveja, tem uma percentagem de passes acertados muito acima da média e apresenta uma cultura táctica invulgar para os seus 23 anos. O sector defensivo parece ser também o mais débil da equipa de Portimão que também apresenta um elevado número de golos sofridos. Época tranquila, o que acaba por ser bom vindo de uma equipa que acaba de subir de divisão!



CS Marítimo:


Sobre o CS Marítimo não há muito a dizer, temporada tranquila até aqui. Com uma primeira volta muito superior, a prometer a luta pelos lugares europeus e uma subsequente quebra nos ritmos de jogo e ideias. A destacar tenho a virtuosidade de Correa que ainda não conseguiu afirmar-se totalmente na equipa, e a solidez dada quer pelo experiente Zainadine ou pela revelação João Gamboa (21 anos). Negativamente destaco Rodrigo Pinho que, saindo de uma época menos boa em Braga, foi para o CSM com vista à titularidade e a obter minutos de jogo porém as coisas não têm corrido bem àquele que se revelou um jogador mais ou menos banal, espelhado pelos escassos 4 golos que leva até então no campeonato. Muito pouco para um Ponta-de-Lança. Charles é para mim a revelação: o guarda-redes de 24 anos têm-se revelado elástico entre os postes e muito rápido na saída à bola, o que ajuda a explicar os poucos mais de 30 golos sofridos pela equipa.



Desp. Chaves
:


Luis Castro. Quando falamos em Chaves, falamos de um futebol de posse, organizado em que se tenta tirar proveito do melhor que cada jogador dá. Se, por um lado, juntamos a força de Jefferson, e a experiência de Bressan e Pedro Tiba, no miolo, é nas alas que se têm causado as maiores alegrias para as extremidades de Potugal. Matheus Pereira têm se revelado um autêntico quebra-cabeças dos defesas, sendo um extremo muito vertical que alia as vertigens diagonais ao seu potente remate e capacidade de decisão no último terço! Todos estes factores juntos fazem deste o que, apesar de não apresentar números exorbitantes, tem sido para mim a figura maior da equipa de Chaves. Juntar a isto, Davidson e William é sinónimo de golos. O futebol apelativo e a qualidade ofensiva fazem desta uma equipa que, aliada à jovem mas muito competente defesa (Maras e Domingos Duarte, principalmente), promete lutar por um quinto lugar, que pode hipoteticamente dar hipótese de disputar as competições europeias na próxima temporada. O futebol de Chaves agrada-me, esta é a minha aposta para o 5º lugar.

Não percam a análise aos primeiros classificados da liga portuguesa na próxima publicação.

                                                                                                                                     Márcio Ribeiro

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